Marlene Dietrich gostava de cozinhar para os seus (e as suas) amantes

Publicado em: 29 maio 2017

“Uma mulher de avental é um convite ao abraço. O avental de uma mulher jogado por sobre a cadeira da cozinha é uma maravilhosa natureza morta”, Marlene Dietrich

http://www.doctormacro.com

Num tempo em que mostrar as pernas no palco já representava um abuso, imagine o falatório causado por essa mulher aparentemente fria e distante, que ficou famosa por seu jeito sensual e ardente, ganhando o título de primeiro mito de cinema falado. Era cobiçada por homens e mulheres e não demorou para se transformar em uma mulher mal falada por viver distante dos padrões morais da época.

Gostava de mulheres e de homens, e sempre deixou isso claro para o seu público. Em suas biografias conta-se que entre as coisas que ela mais gostava na vida estavam fazer amor com os seus homens e mulheres, tocar serra musical (um serrote que é usado como um instrumento musical) e… cozinhar para seus amantes.

A musa dos olhos azuis aprendeu a cozinhar por conta própria e, em paralelo à sua instigante vida de estrela, na intimidade de seu lar poderia ser definida como uma verdadeira dona de casa alemã. Mas era avessa à calma e tranquila vida do lar e, sua vasta lista de romances traz nomes de homens e mulheres famosas como Gary Cooper, Maurice Chevalier, Greta Garbo, John Gilbert, Douglas Fairbanks Jr., John Wayne, Richard Burton, Noël Coward, Orson Welles, Burt Bacharach, Edith Piaff, o escultor suíço Alberto Giacometti, John F. Kennedy e Ernest Hemingway.

Tempero perfeito e poderes extraordinários

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Está explicado o segredo infalível da musa de O Anjo Azul para cativar definitivamente seus amores. Avessa aos agitos de Hollywood, ela pediu à sogra que enviasse um livro de receitas austríacas e, como uma simples mortal, começou a desbravar o universo dos sabores e aromas. Assim, entre as quatro paredes de uma cozinha, ao pé do fogão, Dietrich se realizava cozinhando para quem amava. “Acho que fiquei mais orgulhosa com minha fama de excelente cozinheira do que com a ‘imagem lendária’ tão zelosamente construída pelos estúdios”, declarou certa vez.

Arrasava ao fazer um simples prato de ovos batidos que, além de três ovos por pessoa, levava sal, especiarias, creme de leite e muita manteiga. Entre seus pratos preferidos destacam-se almôndegas com batatas, ganso assado guarnecido com repolho, todos eles fartos em calorias.

Mandava bem nas delícias francesas, mas encantava com os sabores das culinárias russa e sueca. Passava longe dos fast food e jamais conseguiu degustar um hambúrguer com prazer, dizia que eram todos ruins e sem gosto. Das especialidades americanas ela só respeitava a comida do interior, preparada pelas cozinheiras negras, definidas por ela como “cheias de imaginação e ideias”.

No departamento de sobremesas, ela ensina desde um fácil e suculento bolo de chocolate, até um zabaione que leva seu nome e deve ser servido com frutas como mirtilos, groselha, amora, morangos, cerejas e framboesas, entre outras.

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Também sabia beber com classe e conta-se que, certa vez, teria confessado ao seu grande amigo e amante Ernest Hemingway, que só escolhia amantes que bebiam Martini. Mas sua grande paixão etílica foi o champanhe, definido brilhantemente por ela:

“Como símbolo, o champanhe tem poderes extraordinários. Ele lhe dá a sensação de um domingo e de que dias melhores estão se aproximando. Se você pode arcar com um Dom Pérignon bem gelado numa linda taça, no terraço de um restaurante em Paris, olhando para as árvores ao sol numa tarde de outono, vai sentir-se o adulto mais sensual do mundo, mesmo se estiver acostumado a tomar champanhe”.

O bolo de chocolate vou fazer esta semana e postarei o resultado pra vocês. E quanto ao Dom Pérignon, prepare o cartão de crédito, pois esse luxo vai lhe custar mais de mil reais. Levando em conta que o dia dos namorados está chegando, complete o investimento comprando duas lindas taças para desfrutar com elegância dos tais poderes extraordinários de suas elegantes borbulhas.

Ghee, a manteiga sagrada que encantava o Senhor Krishna

Publicado em: 5 jun 2016

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Também conhecida como ghee, a manteiga clarificada é amplamente usada na culinária indiana e também na medicina Ayurvédica por ser um alimento nutritivo (calórico), antioxidante (rejuvenescedor), eficiente na eliminação de toxinas, entre outras propriedades.

Na culinária, a manteiga clarificada é extremamente funcional pois tem um “ponto de fumaça” mais alto. Isso quer dizer que pode ser usada em temperaturas mais altas antes de começar a queimar e ficar nociva.

A técnica de fazer a manteiga clarificada consiste em retirar toda água e sólidos de leite, mantendo somente a gordura. A receita está abaixo, depois das historinhas.

O garotinho que roubava manteiga

Sempre que falo em comida, encontro uma boa história pra contar. Nos livros sagrados da Índia, a ghee é encarado como um alimento sagrado, fornecido fornecido pelo animal mais sagrado da Terra, a vaca. Prajapati, Senhor das Criaturas, criou a ghee friccionando suas mãos e, em seguida, ele derramou essa manteiga no fogo para gerar sua descendência.

Prajapati é uma divindade suprema do início da construção da religião hindu, aparecendo nos hinos da criação do universo (Sukta Nasadiya) como o Grande Arquiteto (Viswakarma). Foi a personificação do fogo, do sol e do tempo. É comum durante um ritual da cultura védica, devotos oferecerem lamparinas de ghee para as Deidades presentes no altar. Segundo às escrituras, essa oferenda ajuda a ver a figura do Senhor e também representa uma encenação da criação.

Nos escrituras védicas também encontramos várias histórias sobre o Senhor Krishna e sua paixão por manteiga. São muitas as passagens que contam que, quando criança, o pequeno Krishna tinha o hábito de “roubar” ghee da cozinha de sua mãe.

“Um dia, quando ninguém estava olhando, Krishna deu início a Seus passatempos de roubar manteiga fresca. Surpreso ao ver o Seu reflexo em uma pilastra revestida de joias, Ele sentiu um calafrio de medo e disse: “Querido irmão, não conte para a mamãe. Vou separar um pouco de manteiga para você também e você pode comer comigo”. Observando seu travesso filho de um lugar escondido, mãe Yashoda ouviu aquelas doces palavras faladas à maneira de uma criancinha e experimentou grande deleite”.

“Um dia, enquanto Yashoda estava fora de casa ocupada em atividades domésticas, Krishna, dentro da casa, roubou manteiga novamente. Quando Yashoda retornou, ela disse alto: “Querido Krishna, onde Você está e o que Você está fazendo?”. Ouvindo-a, Krishna ficou temeroso e parou de roubar manteiga. Pensando parado por um instante, Ele respondeu: “Mãe, Minha mão começou a queimar com a refulgência brilhante de Minhas pulseiras de rubis, então enfiei a mão neste pote de manteiga para parar de doer”.

Esse filminho também fala da paixão de Krishna pela manteiga: Krishna And Pot Of Butter

Uma noite de sábado com Vatel, o gênio exagerado que não admitia limites em sua cozinha

Publicado em: 5 maio 2016

Por: Esther Rocha

Na França do século XVII, um chef de cozinha comprovou não conhecer limites na hora de exercitar sua arte. Fiel serviçal de Nicolas Fouquet, Superintendente do Tesouro da França e um dos homens mais da época, François Vatel (Paris, 1631- Chantilly, 1671) era famoso por sua paixão pelo trabalho e sua exagerada mania de perfeição.

Há anos eu queria ver esse filme, mas a oportunidade nunca aparecia. Na noite deste sábado frio em São Paulo, de repente, um amigo querido me surpreendeu com este presente: o DVD do filme Vatel e uma garrafa de vinho francês. Combinação perfeita! E finalmente, 15 anos após seu lançamento, finalmente eu assisti Vatel, de Roland Joffé.

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Não sei o que os críticos falaram sobre este filme, e nem me interesso em saber. Eu só sei que adorei e viajei imaginando como seria uma cozinha naqueles tempos pós idade média. A cenografia é perfeita, o filme foi rodado no Castelo de Chantilly, norte da França e conseguiu retratar a grandiosidade da época. Gerard Depardieu tem estilo de sobra para o papel, como bom francês, ele tem cara de gourmet e encarnou o chef com perfeição.

A trilha sonora também é uma delícia, lá no final do post vou embedar um link do youtube onde é possível ouvir todas as canções criadas por Ennio Morricone para o filme.

Terminei minha noite com vontade de ir pra cozinha me aventurar em alguma preparação com sotaque francês.

Um gênio louco em busca da perfeição

François Vatel faz parte da história da gastronomia. Ele nasceu em Paris, numa família humilde, e ao 15 anos começou a trabalhar como aprendiz com o confeiteiro Jehan Heverard, padrinho do seu irmão. Aos 22 anos chegou à corte para trabalhar como auxiliar do cozinheiro no Château de Vaux-le-Vicomte, nos arredores de Paris.

Passados alguns anos, Vatel desbancou seu professor e passou a ocupar o seu lugar. Sua genialidade na cozinha superou os empecilhos impostos pela timidez que herdara do berço humilde e ele passou a comandar não comente a cozinha, como toda a administração do lugar.

Em 1671 Vatel foi convidado pelo Príncipe de Condé para organizar a grandiosa Festa dos Três Dias, oferecida no Castelo de Chantilly para receber Luis XIV, conhecido como o Rei Sol, e sua comitiva com mais de 3 mil pessoas.

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Apaixonado pela perfeição e pela grandiosidade, ele criou o maior evento da época e comandou cada detalhe da grandiosa recepção. Inspirado em um evento criado por Leonardo da Vinci, dois séculos antes, Vatel dividiu os dias da festa em temas diferenciados. Um projeto insano que segundo os historiadores, representava uma jornada diária de 18 a 20 horas de trabalho para preparar os cinco serviços diários, cada um deles marcado por um número absurdo de preparações.

No primeiro dia Vatel exaltou a glória do sol e a abundância da natureza, no segundo dia panejou um espetáculo com ópera, luzes e fogos de artificio à beira de um lago. Para o último dia Vatel criou uma mega banquete de pescados que seriam servidos num ambiente reproduzindo um mar de gelo, um tributo de Netuno à Helius, o deus do sol da mitologia grega. As estrelas desse banquete seriam um filé de linguado, anchovas, melão com presunto de Parma, lagosta com molho de camarão, pernil de carneiro, pato ao molho de vinho Madeira e bombas de morango.

Para garantir que não teria problemas no último dia de banquete, Vatel tratou de encomendar pescados e frutos do mar em vários portos da região, mas nem toda essa precaução o salvou de um imprevisto. Às vésperas do grande evento final, os fornecedores chegam ao castelo carregando apenas uma pequena porção da encomenda. Cansado e com medo de ver seu grande projeto fracassar por falta de ingredientes, na noite anterior Vatel subiu até seu quarto, degustou uma ceia de despedida e se matou atravessando uma espada em seu peito.

Contam que os gemidos de Vatel ecoaram pelo castelo, despertando todos os convidados. Por ironia do destino, horas depois de sua morte, um novo carregamento de pescados foi entregue conforme prometido. Diz a lenda que o banquete foi servido normalmente, mas em respeito ao grande chef, sei famoso prato de linguado não foi servido.

São muitas as passagens contadas sobre a morte de Vatel. Há quem garanta que ele se matou por estar frustrado e decepcionado com a maneira como era tratado pela realeza que o tratava como um mero objeto. A versão se apoia na passagem que o Príncipe Condé, tratando-o como um escravo, apostou o seu destino num jogo de cartas com Luis XIV. Ao perder a partida, o patrão se viu obrigado a entregar seu passe para o genioso Rei Sol, que queria de todo jeito ter o famosos chef trabalhando na cozinha de seu Palácio de Versalles.

O criador do Chantilly?

Embora muitos atribuam a Vatel a criação do creme de chantilly, alguns historiadores contestam essa versão dizendo que, na Idade Média, os confeiteiros da casa dos Médicis, em Florença, já faziam esse tipo de creme batido e misturado com açúcar e aromas.

Outras famosas criações de Vatel são o Arroz Condé (um bolo de arroz doce com frutas), o Purê Condé (feito com feijões vermelhos), a manteiga Colbert (preparada com glace de carne), o Linguado Colbert e as Chuletas de Porco Colbert, criados em homenagem a Juan Bautista Colbert, conselheiro e ministro das finanças.

Menu Maria Callas apresentado no programa Todo Seu

Publicado em: 23 dez 2015

Mais um a vez tive o prazer de falar sobre gastronomia e notáveis na televisão. Convidada por meu amigo Ronnie Von, mostrei uma pouco das delícias que encantavam a soprano Maria Callas.

  • Crostini Callas a la Puccini
  • Polenta La Divina ao ragu de pato
  • Fragole dolce & Zabaglione di Maria – Un regalo dolce per il mio amore greco

Veja o vídeo!

Vamos Falar de Comida conta com a consultoria de Phiroza Gastronomia

Agradecimentos: Atelier Hidekohonma Fotos: Lê Taccilo

Você pode comer e cozinhar como Claude Monet

Publicado em: 19 dez 2015

“Bem-vindo à Giverny, a minha casa. Almoço em breve nos jardins. Queijos franceses, enchidos, pão, manteiga doce da Normandia, cidra gelada e espumante. Eu esqueci alguma coisa? Junte-se a mim. “, Claude Monet.

Ele não cozinhava, jamais tocou em uma panela, mas sabia comer como ninguém. Detalhista e minucioso, era ele quem decidia tudo sobre a rotina de refeições da casa. Dos fornecedores dos alimentos até a escala rígida de horários, todo o qualquer detalhe passava por suas mãos.

Conhecer o paladar de Claude Monet foi uma aventura. Comecei guiada por dois livros e um DVD, eu passei noites em claro querendo saber cada vez mais sobre os pratos que encantavam o pintor. Depois disso, sob o comando dos nossos chefs Rosny Gerdes Filho e André Valobra, viramos noites mergulhados em cortes, molhos, massas, cremes, reduções…Mas o melhor de tudo isso foram os momentos que vivemos nessas noites que sempre terminavam do mesmo jeito: Todos juntos ao redor da mesa, comendo e celebrando a nossa deliciosa amizade!

O resultado foi a elaboração de dois menus completos com pratos inspirados nas preferências gastronômicas do famoso pintor e em todo o ambiente que o cercava.

Nosso Menu

O nosso menu ficou assim:

Entrada1 : Experiência de salmão com cores do meu jardim (Salada de folhas com salmão gravilax)

Prato principal 1: Roulade Monet de mignon de suíno e parma ao molho de camemberte e cogumelos

Sobremesa 1: Um barco no lago de Giverny (Mil folhas, creme patissier, compota de pêssego)

Entrada 2: O lago das ninfeias (Velouté de aspargos com toque de cogumelos)

Prato principa 2: Vitelo com gratin de batatas sobre um leito folhado

Sobremesa 2: Torta do sonho de Monet(A versão Rosny Gerdes da Normandy French Apple Tarte)

A Vida em Giverny

Vamos falar sobre o final do século XVIII, início do XIX, época em que comer bem era sinônimo de comer muito.

Claude Monet (Paris 1840 – Giverny 1926) foi o mestre das luzes e representou um dos mais importantes mentores do movimento impressionista. Retratava a natureza com todas as suas formas, cores e nuances.

Apaixonado pela natureza, aos 43 anos ele foi viver em Giverny, uma pequena cidade às margens do Sena, localizada a cerca de 70 km de Paris. Nesse lugar ele deu vida à sua pitoresca casa de campo, emoldurada por um jardim dos sonhos. Ele chegou ao lugar acompanhado por sua segunda mulher, Alice e oito filhos (dois dele e seis dela).

Com a ajuda das crianças, ele semeou as primeiras sementes nos jardins e horta da propriedade. Além de uma enorme variedade de flores, plantou verduras, legumes, ervilhas, alfazema, rabanetes.

Cantinhos preferidos

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Além do atelier, a cozinha e a sala de jantar eram lugares sagrados para Monet. Tanto que foram os primeiros ambientes da casa totalmente reformados após a mudança da família.
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A cozinha foi pintada de azul e a sala de jantar amarelo, mas não estamos falando de qualquer azul ou qualquer amarelo. Foi o próprio Monet quem elaborou cada um a das tonalidades e, antes de autorizar o trabalho, discutiu longamente com o pintor de paredes como queria cada tonalidade. Dizem que foi difícil para um simples trabalhador da cidadezinha francesa entender o motivo de tanta exigência em relação às tintas.

Uma passagem interessante do livro À Mesa com Monet (Editora Sextante retrata bem o capricho e exigência de Monet em relação à sua cozinha: “O fogão deve cochilar como um gato ao cozer em fogo brando, ou entusiasmar-se até as labaredas do inferno quando grelhar, exibindo ao mesmo tempo um humor uniforme no forno lajeado de azulejos refratários.”

Cadernos de Receitas

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É incrível saber que, nos cadernos de receitas de Monet, foram encontradas receitas passadas por Paul Cezanne, Madame Renoir e Jean Millet. E também um roteiro dos principais restaurantes da época.

Ao redor da mesa

Para Monet comer representava um ato de celebrar e compartilhar os bons tempos entre amigos e familiares. Comer para ele era também uma oportunidade de conversar, trocar ideias e desfrutar da companhia da família e dos amigos.

Tanto na alimentação diária, como nas ocasiões especiais, Monet deu para a mesa a importância que ela merecia, sem negligenciar qualquer detalhe, tanto na atmosfera que envolve os alimentos quanto ao conteúdo dos pratos.

Comida com hora marcada

Como todo gênio, Monet tinha um lado rabugento pra ninguém botar defeito. Sua mulher Alice encarou um páreo duro para não deixar seu barbudão zangado. Ele fazia questão absoluta de seguir uma rígida rotina de horários.

Acordava muito cedo para poder pintar o nascer do sol. Tomava um banho gelado e, em seguida, um café da manhã bem reforçado, servido geralmente ao ar livre, enquanto trabalhava. Ovos com bacon, chouriços de vitela grelhados, queijo (holandês ou inglês tipo Stilton), torradas com geleias de laranja e chás.

Fazia questão de almoçar pontualmente às onze e meia, e em seguida aproveitava a luz da tarde para trabalhar. Não admitia o mínimo atraso, e quando isso acontecia demonstrava sua insatisfação pigarreando para chamar a atenção. Não gostava de se demorar à mesa. As refeições deveriam ser rápidas, caso contrário ficava irritado.

Monet era um homem do dia e não gostava de receber convidados para o jantar pois dormia cedo, mais tardar às nove e meia. Entre os notáveis que desfrutaram dos refinados banquetes servidos na casa de Giverny estavam Camille Pissarro, Auguste Renoir, Georges Clemenceau, Auguste Rodin, e Paul Valery.

Horta e pomar

Adorava semear culturas mais delicadas e encarava sua horta como uma extensão do jardim. Tudo tinha uma ordem para ser plantado e essa ordem respeitava também a harmonia das cores.

Ele ficava uma fera se percebesse que os legumes haviam sido colhidos antes da hora. Selecionava tudo e fiscalizava o trabalho dos empregados.

O staff do pintor

A casa de Giverny contava com um a criadagem de porte. Marguerite era a cozinheira, Félix o jardineiro, Florimond cuidava da horta e Sylvain era responsável pela adega, ateliê e automóveis. Havia também Paul, marido de Marguerite, que ocupava o posto de um funcionário de confiança, um faz tudo que atendia o pintor em todas as suas necessidades e caprichos.

Deixa que eu corto!

Gostava que as aves fossem levadas inteiras à mesa, para que ele mesmo pudesse corta-las. Tinha um ritual bem pessoal de cortar primeiro as asas. Na sequencia polvilhava com noz moscada, pimenta moída e sal grosso e pedia para Paul levar tudo para uma grelhada final, em fogo forte.

Adorava assados de galinhola, uma ave portuguesa muito popular na região.

Saladinha picante

Algumas de suas saladas preferidas: Aspargos, que precisavam estar mal cozidos Endívias temperadas com alho e croutons Dente-de-leão com toucinho frito Pourpier, conhecida no Brasil como ora-pro-nóbis As endívias, vagens e castanhas deviam sempre serem cozidas no vapor. Espinafres deveriam ser cozidos em pouquíssima água para não perderem o sabor e a cor.
Algumas de suas saladas preferidas:
Aspargos, que precisavam estar mal cozidos
Endívias temperadas com alho e croutons
Dente-de-leão com toucinho frito
Pourpier, conhecida no Brasil como ora-pro-nóbis
As endívias, vagens e castanhas deviam sempre serem cozidas no vapor.
Espinafres deveriam ser cozidos em pouquíssima água para não perderem o sabor e a cor.

Ele pegava uma colher cheia de pimenta negra moída, misturada com sal grosso. Mergulhava essa mistura num pote com azeite e finalizava com uma gota de vinagre de vinho. Derramava esse tempero sobre suas folhas e devorava sozinho. Uma outra versão menos picante era feita para o resto da família.

Cardápios elaborados

Alice não tinha vida mole. Além de cuidar dos oito filhos, comandar a casa e preparar o ambiente para receber com estilo os amigos e marchands que visitavam o marido, ela sempre elaborava os cardápios com uma semana de antecedência. Isso para que Monet pudesse analisar e aprovar tudo.

Lanchinho no campo

A família tinha o hábito de fazer picnic e Monet aproveitava as ocasiões para colher cogumelos. Adorava servir cogumelos no azeite. Aliás, reza a lenda que esta é a única receita criada por ele.

Mesa personalizada

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Monet desenhou os dois famosos serviços usados em sua casa, na hora das refeições: Serviço amarelo: porcelana branca de borda amarela larga e filete azul, reservado para os dias de festa ou para receber convidados ilustres. Serviço Japon: Uma louça azulada decorada com motivos de cerejeiras e leques estilizados azul-escuro.

Galinhas e Patos

A casa de Giverny sempre teve um galinheiro, instalado bem ao lado da cozinha.

A família não apreciava peru, mas criavam alguns pois achavam os animais divertidos.

O viveiro de patos criado por Monet tinha um tanque para que as aves pudessem nadar, poleiro e recantos cobertos de matos para que fossem criados os ninhos. Criavam patos mais nobres como os de Nantes e os patos brancos indianos, pois as fêmeas são boas poedeiras.

Monet considerava os criadores locais pouco cuidadosos com suas crias e fazia questão de percorrer as propriedades procurando aves de qualidade.

Detestava coelhos domésticos e só comia lebres e coelhos selvagens.

Fundação Claude Monet

Claude Monet morreu em 5 de dezembro de 1926, vítima de câncer. Após a sua morte, o filho Michel Monet herdou a propriedade e também suas coleções e os quadros.

Michel era um homem aventureiro e decidiu viajar para um safari na África. Deixou a propriedade aos cuidados de Blanche Monet-Hoschedé, filha de Alice. Ela seguiu cuidando de tudo com a ajuda de alguns funcionários, até sua morte, em 1947. Depois disso todos os bens e a propriedade ficaram literalmente abandonados.

Michel Monet morreu em 1966 e deixou escrito em seu testamento que todos os seus bens seriam doados à Academia de Belas Artes. Somente em 1980 a Fundação Claude Monet foi oficialmente criada. Nesse mesmo ano a casa de Monet passou a ser aberta ao público.

Atualmente os jardins de Monet recebem uma média de 500 mil visitantes por ano e representa o segundo maior ponto turístico da Normandia, perdendo apenas para o Monte Saint Michel.

Monet’s Palate foi criado em 2012,com a proposta de transportar as pessoas para o mundo de Claude Monet em seus aspectos mais sutis e íntimos. Nove chefs conceituados recriaram pratos apreciados pelo artista e o resultado é apresentado em um livro e um DVD lançados pela Fundação Claude Monet.

O projeto representa um convite imperdível para visitar a encantadora Giverny e desfrutar por alguns momentos da energia incrível do artista.

Fotos: Vinicios Costa

Agradecimentos:

Atelier Hideko Honma

Phiroza Gastronomia

Um restaurante em Vegas, dedicado a Frank Sinatra

Publicado em: 18 dez 2015

Dezesete anos após a sua morte, familiares do cantor seguem faturando alto com a marca registrada deixada pelo pai. O Sinatra é um restaurante instalado no luxuoso hotel Wynn, em Las Vegas. A cozinha é comandada pelo chef Theo Schoenegger, especialista em cozinha italiana clássica que criou um cardápio com os pratos preferidos do artista.

Os salões são decorados com lembranças garimpadas no acervo de prêmios e pertences de Sinatra, incluindo o seu Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em A Um Passo da Eternidade, o Grammy que ganhou com a música Strangers in the Night, entre muitos outros detalhes incríveis. Ah, o som ambiente toca clássicos do cantor e de seus melhores amigos como Tony Bennett, Dean Martin, Sammy Davis Jr e Nat King Cole.

Steve Wynn, o proprietário do hotel, era amigo pessoal de Sinatra, um frequentador assíduo de Vegas. Sobre o hotel, ele falou: “Esses momentos e lembranças iluminam a minha vida ainda hoje. O restaurante me dá uma oportunidade de compartilhar a culinária preferida do Frank junto aos meus amigos mais uma vez. Acho que ele iria freqüentar bastante este lugar”.

Na hora da sobremesa, Sinatra devorava a torta das irmãs Rosen

Publicado em: 18 dez 2015

J.M. Rosen Cheesecake
Fotomontagem

O dono da voz de veludo amava um bom pedaço da J.M. Rosen Cheesecake. E de onde veio essa paixão?

Jan Rosen e sua irmã Michele criaram essa receita em 1983. No ano seguinte, elas entregaram uma fatia do doce para um amiga chamado Dorothy Uhlemann, que por acaso era a assistente pessoal de Frank Sinatra. Ela dividiu seu cheesecake com o cantor e daí pra frente, a vida das irmãs doceiras mudou.

Rapidinho ele ficou apaixonado pela textura rica e cremosa da torta, que tem ainda uma crosta deliciosa, feita com bolachas e manteiga. Estava feita a conexão e a delícia da JM Rosen Cheesecake viraram uma febre, graças ao título de ser a sobremesa preferida do cantor dos olhos azuis.

Mas a promoção feita pelo artista não parou por ai. Sinatra era um fã tão dedicado que dediciu falar com alguns dos proprietários de seus restaurantes favoritos. Pediu que todos eles incluíssem em seus cardápios essa opção de sobremesa. Desde então, a loja passou a fornecer a iguaria para estabelecimentos como o Chasen e The Regent Beverly Wilshire (Beverly Hills), Matteos e Musso and Frank Grill (Hollywood), entre muitos outros.

Patsy, o reduto de Sinatra em Nova York

Publicado em: 18 dez 2015

Sempre que estava em Nova York, Frank Sinatra gostava de ir ao Patsy Restaurant, desfrutar da boa comida do lugar. Fundado em 1944 pelo chef Pasquale “Patsy” Scognamillo, o lugar é especializado em comida napolitana. Em mais de 70 anos de existência, teve apenas três chefs: o falecido Patsy, seu filho Joe Scognamillo e o neto Sal Scognamillo.

Frank Sinatra virou amigo da casa, que guarda boas histórias a seu respeito. Ele tinha uma mesa especial no andar de cima, mais ao fundo e sentia-se em casa quando estava por lá. O chef Sal Scognamillo conta um caso que aconteceu em 1950, quando ele estava num momento difícil em sua carreira e também na vida pessoal. Além de ver sua popularidade despencar, ele havia se divorciado da primeira mulher, Nancy Barbato, e vivia um relacionamento super conturbado com Ava Gardner, que também enfrentava um declínio complicado em sua popularidade.

Patsy Restaurante - vitelo de Frank Sinatra
O vitello de Sinatra, no Patsy Restaurante.

Era Dia de Ação de Graças e Sinatra foi sozinho ao restaurante, disposto a jantar. O chef não teve coragem de dizer a ele que o restaurante estava fechando, pois era feriado. “Ele sentiu que iria ferir o seu orgulho, caso fizesse isso. Então ele não disse nada… Meu avô ligou para a equipe dizendo que todos poderiam trazer suas famílias para o jantar. Eles reclamaram um pouco, mas entenderam que o motivo daquilo tudo era para Sinatra. O restaurante também chamou alguns outros convidados para preencher as mesas e Sinatra nem notou que a lotação não estava completa”, relembra Sal.

Frank Sinatra não percebe nada e só ficou sabendo da história anos mais tarde. Desde então nasceu uma forte amizade com os proprietários e o famoso cantor se transformou no mais eficiente promotor do local.

A beringela de Sinatra, no Patsy
A beringela de Sinatra, no Patsy – Foto: reprodução

Quando Sinatra morreu, no dia 14 de maio de 1998 , amigos e fãs começaram a chegar no Patsy. Salvatore Scognamillo lembra que muitos chegavam “Eu apenas senti que tinha que estar aqui hoje”.

Todos os anos, no dia 12 de dezembro, o lugar celebra o aniversário do Olhos Azuis com um jantar especial. No cardápio, alguns dos pratos preferidos do cantor: Vitelo Milanese, Beringela a Parmegiana, Mariscos Posillipo, fusilli com filé pomodoro e Para sobremesa, Cheesecake e torta de ricota. “Depois que ele faleceu, precisávamos celebrar a sua vida”, explica o neto do fundador, Pasquale Scognamillo.

“Nós certamente não estaríamos na posição que estamos hoje se não fosse por ele. Grande parte de nossos clientes notáveis começaram a nos conhecer graças a Sinatra. Por exemplo, Julia Roberts foi trazida por George Clooney, que foi trazido pela tia Rosemary Clooney. Mas Rosemary Clooney foi trazida por Frank Sinatra!”, conclui o proprietário do Patsy.

Pra quem vai à Nova York, vale anotar: O endereço do restaurante Patsy é 236 West 56th Street (entre a Broadway e a Eighth Avenue), Manhattan, Theater District em New York City. É importante não confundir com a Pizzeria de Patsy, aberta em 1933 no East Harlem. Esses dois lugares não têm nada a ver, inclusive já rolou até uma briga judicial pelo direito de usar o nome do Patsy em garrafas de molho de espaguete.

 

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O livro de receitas de Audrey Hepburn

Publicado em: 9 out 2015

O livro de receitas de Audrey Hepburn

Descobri este livro que conta como era o paladar de Audrey Hepburn. Ele foi escrito por Lucca Dotty, filho da atriz e lançado há 4 meses pela Harper Collins.

Havia prometido pra mim mesma que, enquanto o dólar não baixasse, não gastaria nem mais um centavo de dólar com livros. Não resisti! Minha ansiedade falou mais alto, quebrei a promessa…

O livro chegou no sábado à noite (3/10). Comecei a ler às 10 da noite e não parei mais. Detalhe: eu não sou uma expert em inglês, mas percebi que a curiosidade é um ingrediente perfeito para acabar com as minhas dificuldades.

Três dias ”abraçada” ao livro, e uma ajudinha de Sophie, a incrível professora de inglês com quem converso todos os domingos via Skype.

Na capa, Audrey aparece servindo seu prato preferido, Spaguetti al Pomodoro. Sempre que voltava pra casa após as filmagens de um novo longa, era esse o prato pedido por ela.

O livro é uma coletânea de lembranças, um montão de fotos pessoais, trechos de sua correspondência pessoal, desenhos e receitas que foram escritas por ela, de próprio punho.

Este é o nosso tema neste mês. Vamos conhecer os sabores que encantavam essa estrela, e a brincadeira já começou.

Afinal, Leonardo da Vinci era ou não apaixonado pela comida ?

Publicado em: 7 set 2015

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Amo cozinhar, amo comer e amo estudar sobre a comida através dos tempos. Num domingo de emenda de feriado (6 de setembro), depois de preparar um almoço incrível para um casal de amigos, resolvi relaxar pelo resto da noite. Peguei meu MacBook Pro, acionei o bom e velho Google e elegi um personagem para pesquisar.

Não sei dizer porque, mas ando numa fase voltada para os grandes nomes da arte. Deve ser influência da energia de Claude Monet e Frida Kahlo, meus mais recentes companheiros na cozinha. E nessa vibe, acabei querendo saber o que comia Leonardo da Vinci. O resultado foi uma surpresa que certamente vai render, muito em breve, mais uma maratona na cozinha

É o seguinte: muitos estudiosos garantem que muito do que se fala sobre o artista e seu amor pela comida, não passa de invenção. Outros dizem que Da Vinci gostava sim de comer, foi sócio de um restaurante em Florença, mas jamais teria feito anotações sobre o assunto. O único ponto que todos concordam é que ele tornou-se vegetariano.

Note di cucina di Leonardo da Vinci
Foto: Reprodução capa

Tudo começou graças ao livro Note di cucina di Leonardo da Vinci (no Brasil, Cadernos de Cozinha de Leonardo Da Vinci, Editora Record, esgotado). O livro garante que, gênio em tudo o que fazia, Da Vinci não limitou sua vida à arte, ou às invenções. Ele tinha uma paixão obsessiva não somente pela comida, como também pela maneira de preparar e apresentar um prato.

Totalmente verdade, ou ficção, não importa. Amei pensar que um dos maiores gênios da humanidade tenha sido um grande cozinheiro. Lendo alguns livros e artigos disponíveis online, encontrei versões interessantíssima. Há quem diga que Da Vinci foi o precursor da cozinha contemporânea, tanto pelos conceitos como também pelo extremo capricho na apresentação.

O livro afirma que o artista criou o Código Romanoff, um manuscrito que supostamente se encontra no Museu de Ermitage de Leningrado. Trata-se de um tratado sobre regras de etiqueta à mesa, protocolos culinários para variadas ocasiões, receitas e muito mais.

Outra afirmação do livro é que Da Vinci foi o inventor de maravilhas como o guardanapo, moedor de pimenta, e a máquina de fazer spaghetti que virou seu xodó, viajou com ele para a França e era guardada como um tesouro que ele conservou consigo até sua morte, em 1519. Quando li isso, mesmo sabendo que pode ser uma grande bobagem, fiquei imaginando ele sentadinho em sua cozinha, acariciando sua máquina de spaghetti. Ah, fiquei emocionada.

Conta-se que seus primeiros passos na cozinha foram dados como camareiro como garçom em uma taberna chamada Los Tres Caracoles. Em pouco tempo ela foi promovido e assumiu a cozinha. Para se dedicar ao novo oficio, ela acabou abandonando o curso que fazia com Andrea del Verrocchio.

Outra história incrível, confirmada por alguns estudiosos, e desmentida por outros: Em sociedade com seu amigo Botticelli, Da Vinci comandou a taverna La Enseña de las Tres Ranas de Sandro y Leonardo, em Florença. O lugar era decorado com quadros dos dois artistas pendurados em suas paredes.

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O que se diz é que o tal restaurante fechou suas portas por falta de cliente. Isso porque os comensais decidiram criar um boicote por não aceitarem a proposta de menu degustação criado por Da Vinci, que queria substituir as fartas e exageradas comilanças que tanto agradavam os homens nos tempos do renascimento. Leonardo foi um incompreendido em sua proposta de refinamento da comida.

Realidade ou ficção, não importa. Eu entendo que o cara que pintou aquela mesa da Última Ceia com requintes de detalhes, com certeza tinha um enorme apreço pelo alimento. Corri para comprar o livro, mas… está esgotado. Felizmente consegui garimpar um exemplar num sebo virtual e ele chegará em alguns dias. Vou estudar cada página, pesquisar sobre menus da época e convocar meu mestre Rosny Gerdes Filho para uma temporadas de releituras das comidas preferidas dos renascentistas.